Saltar para: Posts [1], Pesquisa e Arquivos [2]
Muitos psicólogos e psiquiatras demonstraram que não há relação entre o celibato dos padres e a pedofilia, mas muitos outros demonstraram, e disseram-me recentemente, que há uma relação entre homossexualidade e pedofilia, afirmou Bertone, que para quem não sabe é o número dois do Vaticano, ou seja, está para a Igreja como o Miguel Relvas está para o PSD, tanto do ponto de vista da hierarquia como da determinação em dar cabo da instituição que os acolheu em dois ou três disparates certeiros.
Mas vamos então a Bertone, apenas para reduzir a sua afirmação a uma figura de estilo cada vez mais presente na retórica, cuja nobre missão passa por camuflar a ignorância do orador, transferindo para outros, em existindo, o ónus da palermice. Em não existindo, o orador brilha e o técnico recebe a deslocação e uma mini para o caminho.
Então, qual é a figura de estilo, qual é ela? Trata-se do famoso disseram-me que. Ao bom do Bertone, disseram-lhe que há uma relação entre a homossexualidade e a pedofilia, e também lhe disseram que não há relação entre o celibato dos padres e a pedofilia.
Resulta daqui que se alguém diz ó Bertone, isso é estúpido, o Bertone responde foi o que me disseram.
Com efeito, não deixa de ser giro – amoroso, até – que muitos psicólogos e psiquiatras tenham dito ao Bertone que a pedofilia deriva da homossexualidade – brincadeira que a Igreja sempre condenou – e não do celibato – estilo de vida que a Igreja sempre ordenou.
Isto permite defender que a Igreja estava mais uma vez certa e que a culpa é do pecado. Ao mesmo tempo, deixa a porta aberta a um airoso foi o que me disseram, caso haja merda; porque às vezes acontece, veja-se o caso daquele maluco de Tenerife que disse que as crianças é que estavam a pedi-las. Tudo teria sido diferente se o homem tivesse dito disseram-me que isto da pedofilia é muitas vezes o rapaz que pede. Neste caso, quando o escândalo rebentou, até o próprio bispo de Tenerife se podia ter juntado à nossa revolta e lamentado fui enganado!.
Em Portugal, sempre na vanguarda da lábia, o disseram-me que foi usado pela primeira vez pelo professor Aníbal Cavaco da Silva, aquando da praga de espiões que infestou os jardins do Palácio de Belém. Nessa altura, mergulhado que estava na anedota do ano, o génio presidencial foi ao último grito da retórica sacar um eloquente disseram-me que havia vulnerabilidades. E pronto, foi o que lhe disseram.
"Foi o que lhes disseram" por José Costa e Silva, no Lóbi do Chá
Ao Exmo. Sr. Presidente da Assembleia da República
A Parque Escolar E.P.E. é uma empresa pública que “tem por objecto o planeamento, gestão, desenvolvimento e execução do programa de modernização da rede pública de escolas secundárias e outras afectas ao Ministério da Educação.”. (cit.)
Desde a data da sua criação, a 21 de Fevereiro de 2007, beneficia de um regime de excepção na celebração de contratos de empreitada de obras públicas, de locação ou aquisição de bens móveis e de aquisição de serviços; concedido pelos seus estatutos fundadores, DL 41/2007, prorrogado pelo DL 25/2008 de 20 de Fevereiro, posteriormente pelo DL 34/2009 de 6 de Fevereiro e já no decorrer do corrente ano de 2010 pelo DL aprovado em Conselho de Ministros a 21 de Janeiro.
O referido regime de excepção permite o recurso aos procedimentos de negociação, consulta prévia ou ajuste directo como possíveis na formação dos contratos, desde que esteja salvaguardado o “cumprimento dos princípios gerais da livre concorrência, transparência e boa gestão, designadamente a fundamentação das decisões tomadas” . (cit.)
Cumulativamente estipula a publicação obrigatória no portal da Internet dedicado aos Contratos Públicos, daqueles que forem realizados na sequência de ajuste directo ao abrigo deste regime de excepção; sendo esta, condição de eficácia do respectivo contrato. Refere ainda a necessidade de convite a pelo menos três entidades distintas para apresentação de propostas.
A Parque Escolar E.P.E., ao arrepio das mais elementares regras da transparência e da boa regulação profissional, tem ignorado estas disposições e subvertido a excepcionalidade concedida. A consecutiva repetição na escolha das equipas projectistas é flagrante, tendo vários gabinetes de arquitectura sido contemplados com projectos para 3, 4, 5 e 6 escolas.
Como exemplo extremo desta conduta a Parque Escolar E.P.E. entregou os projectos de 11 escolas à mesma equipa projectista.
O gasto discricionário dos dinheiros públicos, num programa de requalificação de 2500 milhões de euros envolvendo 332 escolas, não é próprio do recomendável acesso democrático à encomenda pública e a blindagem no acesso à informação sobre os vários procedimentos inviabiliza o necessário escrutínio público.
O obscurantismo com que tem sido governado o processo de obras públicas que mais verbas tem movimentado nos últimos anos, a total ausência de critérios públicos e transparentes nas escolhas das empresas objecto de adjudicações directas, a progressiva constatação de problemas nas obras concluídas e, sobretudo, a defesa do interesse público motiva os abaixo-assinado a solicitar à Assembleia da República que delibere:
1. A revogação do estatuto de excepcionalidade de contratação utilizado pela Parque Escolar E.P.E., passando todas as contratações a ser regidas pelas disposições constantes do Código dos Contratos Públicos, como as demais entidades públicas;
2. Propor ao governo a exoneração dos actuais membros do Conselho de Administração da Parque Escolar E.P.E., e a nomeação de novos membros de reconhecido mérito profissional e académico, como garante de condução de um processo transparente, participado e veloz;
3. Solicitar ao Tribunal de Contas a abertura de um procedimento de auditoria à Parque Escolar E.P.E. ao abrigo do Art. 55º da Lei n.º 98/97, de 26 de Agosto (Lei de organização e processo do Tribunal de Contas).
Os Peticionários