Temos, nos últimos tempos, sido ameaçados (esta é a palavra correcta) com um eventual horrendo futuro, caso não haja orçamento. Caso o FMI chegue à Portela, será o fim, em estilo Bosch, deste jardim das delicias à beira-mar plantado. O drama, o horror.
Acontece que há uma expressão que se aplica a grandes multinacionais da banca que é: "Grande demais para cair". Apliquem-na a este país (se faz sentido para uma multinacional também o fará para um país inteiro).
O orçamento não é aprovado, passamos aos duodécimos e daí? Acham que um pelotão de espanhóis logo irá, com martelos pneumáticos, picotear a nossa fronteira para que nos afundemos, atlantes, em pleno oceano?
O Governo demite-se e voltamos à idade da pedra?
O FMI chega à Portela, ou Poceirão, e daí? As cornetas do Apocalipse soarão e será o Armagedão português? Vamos todos parar a um purgatório económico para a eternidade?
Ah! e a austeridade, esse salvador messiânico, que não passa de um charlatão, mas que nos têm sido vendido como único. Se não o seguirmos à risca as suas instruções, a jangada de pedra tornar-se-á real e logo acabaremos isolados, em meio Atlantico sem ligações à NATO, UE e ONU?
Pensem pela vossa cabeça. Medidas de combate a esta péssima situação economica têm que ser aplicadas, sob pena de termos muitos sacrifícios pela frente, é verdade. Mas não aceitem como única solução o remédio que nos tem sido impingindo desde sempre, e que curiosamente, ou não, nos trouxe a este estado.
E por favor, Portugal é grande demais para cair e desaparecer. O pânico, o terror, são usados recorrentemente para nos conseguirem vender a dita salvadora austeridade. O país permanecerá depois destes incompetentes (mudá-los depende de nós), depois da nossa exploração (evitá-la depende de nós), depois dos nossos sacrifícios (partilhá-los com quem não os quer depende de nós).
Por isso, aos corneteiros do fim do mundo: vão lamber sabão.
ASENSIO