Yves MooreOs meninos-prodígio não são fenómenos de agora. A Música e as Matemáticas são campos férteis, e deles têm saído vários pequenos génios como, por exemplo, Wolfgang Amadeus Mozart e Maurice Allen.
Na Literatura, porém, esses fenómenos não são tão frequentes e têm uma forte tendência para escassear. Abundantes, toda a gente o sabe, são os adolescentes prodigiosos: Radiguet, Rimbaud, etc.. Por isso, o estranhíssimo caso de Yves Moore é deveras espantoso e ainda hoje constitui motivo de assombro para obstetras, psicólogos, críticos literários.
Nascido em Amedford, Oregon, E.U.A., em 1922, morreu prematuramente com 10 anos de idade. Em 1923 (não é erro de impressão) publicou o seu primeiro livro de versos, e com três anos de idade a sua primeira novela, Remember not, my heart, our offenses. Em 1926 apareceram as suas memórias, em quatro volumes e, entre 1927 e o ano da sua morte (1932), sucessivos estudos sobre Ésquilo, a poesia hebraica antiga, o uso da metáfora em Shelley, o teatro de O'Neil, a pintura de Van Gogh, dois livros de versos, Frankness e Bury Fair e a novela The Moralists.
(Morrem novos aqueles a quem os deuses amam?).
NADANão tenho nada
nada a não ser a erva húmida sob os meus pés descalços
nada a não ser o fresco alento da noite sobre os meus ombros
nada a não ser este fogo
onde aqueço as minhas mãos
nada a não ser o canto das cigarras
nada a não ser o crepitar dos ramos secos na fogueira
nada a não ser o brilho cúmplice e distante
daquela estrela
talvez já apagada
cujo último raio viajou milhões de anos
para chegar esta noite
até mim.
Os Herdeiros do Vento - Antologia Apócrifa
Autor:
Joaquim PessoaEditora:LITEXA EDITORA
Ano: 1984
ASENSIO