Quinta-feira, 11.11.04
De certeza que concordam comigo quando digo que este Governo tem actuado como poucos. É porque, realmente, são muitas as tolices, as calinadas, os disparates que este executivo tem feito. Começam é a parecer-me dignos de serem caracterizados por um Bordalo Pinheiro.
Por agora, as notícias que correm dizem respeito às tão prometidas mexidas, ou reduções para ser mais concreto, no IRS para o Orçamento de Estado de 2005. Foi decerto uma ideia discutida entre vários ministros e chegou mesmo a ser apresentada pelo Ministro das Finanças aquando das discussões do Orçamento. Mas parece que entretanto chegaram à conclusão que, como Portugal é um país pobre, se houver redução nos impostos não há dinheiro para manter o défice, mesmo com o recurso às receitas extraordinárias. É a velha imagem do cobertor... se taparmos a cabeça, ficam os pés de fora. Por isso o Dr. Bagão Félix vem agora dizer que as reduções ao imposto vão ser feitas aos poucos. Mas porque é que só o dizem agora? Não se tinham dado conta que era preciso explicar isso aos Portugueses? E não me venham com a graça de que esta era a ideia desde o princípio...
Assim as reduções nas taxas de IRS prometidas, não são para ser cumpridas em 2005, são para 2006. É o primeiro Governo que faz um orçamento do próximo ano para daqui a dois anos. Este ano desce-se um pouquinho ao imposto e no ano de 2006 desce-se o resto, ou seja, o grosso. E porquê em 2006? Porque 2006 é o ano em que este Governo espera ser legitimado por intermédio das eleições legislativas. Que espere sentado...
A única coisa que nos ocorre, como Portugueses, é pensar que no nosso país não existe, nem existirá, o período de tempo desde o Verão de 2004 até às eleições de 2006. Parece não valer a pena governar neste período pois só haverá Governo legítimo em 2006. Até mesmo Pedro Santana Lopes sabe disso, as promessas já são espaçadas no tempo porque tudo o que fizer hoje pode vir a trama-lo amanhã. E nesta perspectiva Portugal é um país adiado, à espera de melhores dias...que até poderiam vir já amanha, se nos deixassem votar.
ASENSIO
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