Sexta-feira, 10.08.07
Das entrevistas, do senhor e da senhora mais os seus ares compungidos. Das celebrações dos 10, 20, 30, 50 e agora 100 dias, das idas às missas, das rezas, da Praia da Luz, dos flyers, panfletos e cartazes, do dinheiro, das viagens e das campanhas. Dos avistamentos, das pistas, do sangue, do DNA, das buscas, dos estudos forenses, mais os odores para os cães pisteiros. Das hordas de indivíduos que os perseguem e depois do lixo jornalístico que produzem e distribuem. Dos média e as críticas que vêm de lá, da nossa imprensa e as respostas que vão daqui e que se encontram a meio caminho para ser tornarem em coisa nenhuma, em bagatelas inconsequentes. Do que se diz que se conta, do que se conta que se diz... Chega! Ódio!
ASENSIO
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Sexta-feira, 10.08.07
Orfeu rebelde, canto como sou:
Canto como um possesso
Que na casca do tempo, a canivete,
Gravasse a fúria de cada momento;
Canto, a ver se o meu canto compromete
A eternidade do meu sofrimento.
Outros, felizes, sejam os rouxinóis...
Eu ergo a voz assim, num desafio:
Que o céu e a terra, pedras conjugadas
Do moinho cruel que me tritura,
Saibam que há gritos como há nortadas,
Violências famintas de ternura.
Bicho instintivo que adivinha a morte
No corpo dum poeta que a recusa,
Canto como quem usa
Os versos em legítima defesa.
Canto, sem perguntar à Musa
Se o canto é de terror ou de beleza.
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Miguel Torga
ASENSIO
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