Visão errada quanto a mim. Primeiro, o Estado são também os não católicos, como ateus, muçulmanos, judeus, etc. E obviamente que D. Clemente apenas de se refere à ICAR quando fala em complementaridade, mas há muitas mais igrejas, religiões e crenças.
Segundo, o Estado tem que ser alheio à igreja, seja ela qual for. Aliás, apesar de na realidade a igreja responder por vezes mais rapidamente em algumas questões sociais, o Estado, regido por um Governo, não pode, não deve, atrasar-se ou incumbir a igreja de tarefas que são da sua responsabilidade. Mais, em várias questões o Estado tem mesmo que se sobrepor às crenças individuais, como em questões de Justiça, Saúde e mesmo comportamentos, sob pena de algumas dessas crenças individuais se tornarem nocivas à sociedade.
Certo, o Estado não é santo nem perfeito -santidade e perfeição são do domínio religioso- mas, como representa todos os cidadão e as suas instituições, é nele que devemos confiar. ASENSIO
Para modernizar a agenda eleitoral, Sócrates, o pior dos farsantes, prometeu o fim da discriminação heterosexual no casamento e convidou um intelectual para o espectáculo. Há sempre um intelectual pronto para morder o isco. Um intelectual ou um operário, no tempo em que havia classe operária. Dizia-se então que não tinham consciência de classe ou que a tinham em excesso, consoante o prisma. Os intelectuais aderiram. Era a sua janela de oportunidade. Como se o engenheiro do Fundão pudesse abrir janelas que não dessem para os pátios do costume: a esperteza, o negócio, a trapalhada, a conciliação sem princípios. Os gays prestaram-se à jogada do mestre beirão. Como as Isildas do costume e as sotainas de naftalina vieram a correr, houve almas distraídas que pensaram estar ali uma batalha ideológica, daquelas que une a esquerda, A Esquerda, esse guarda-chuva virtual que serve de abrigo a tanto malandro. Uma das revelações do ano foi ver a Unidade Simplex, com gente de bem a fazer a campanha do malandro e a perder a tramontana, como sucede nas acções prosélitas. Agora está tudo claro: os gays são iguais, mas diferentes. Para menos. Podem casar mas é-lhes vedada a adopção. Vão lá fazer as porcarias para longe das crianças. Fica assim consagrada a suspeição infamante de serem perigosos para o desenvolvimento da infância. É proibido votar outra coisa que não esta, decretou o chefe. Como se o esclarecimento se fizesse cedendo à ignorância e a justiça pactuasse com a discriminação. História triste. Uma lição para quem se mete com os capatazes da construção civil.
Estas declarações teriam uma gravidade limitada se fossem feitas por Sérgio Sousa Pinto em nome individual. Porque, sejamos realistas, que importância vincada tem S. S. Pinto dentro do partido?
Mas segundo consta, são feitas "oficialmente em nome do PS". Grave. Desconheço que dividendos esperam retirar os socialistas ao responderem, em tom de guerra aberta, a Cavaco nesta altura. As legislativas já passaram, e agora estas tentativas de colar o PR à oposição apenas conseguem reforçar a posição de Cavaco Silva e fazer esquecer todas as suas tropelias anteriores. Enquanto o confronto institucional foi patrocinado pela Presidência (e só aqui há muito por onde escolher) os socialistas tinham algo a ganhar, mas agora parecem esquecer que as presidenciais estão à porta. A menos que a intenção seja apoiar Cavaco Silva, estas declarações parecem contraproducentes. ASENSIO
Caro Tiago, claro que era esperado que o PS se abstivesse. Em parte, a proposta, em tom de desafio, servia claramente para esquerda "extrema" conhecer em que quadrante se encontra este PS. Por saber precisa e antecipadamente do voto contra do CDS e do PSD, o PS tentou evitar a alienação do seu pouco capital canhoto. Aqui esvaziou-se a importância da votação para os socialistas, que assim não abrem o flanco PCP ou BE. ASENSIO
Esqueceu-se dos cães e gatos. E mais, não existe qualquer proibição legal no casamento entre primos. Antes de fazer considerações idiotas, um pouco de informação não faria mal ao senhor deputado. Sim, este senhor incrivelmente é deputado. De absoluta estupidez estamos bem servidos. ASENSIO
É verdade que a oposição não mergulhou o PM em nenhum destes casos, mas o repisar das situações judiciais em que Sócrates se vê envolvido é a estratégia clara de quem defende a sua derrota pela Justiça. É a táctica desgastada de JPP no pós-asfixia democrática.
A verdade é uma: Sócrates ganhou. E ganhou apesar das referidas desconfianças. Prova de que o eleitorado português desconfiou (e desconfia) muito mais das competências governativas desta oposição. ASENSIO
Impossível não falar da personagem devido aos últimos acontecimentos. Estes parecem ter feito aparecer algumas fracturas à esquerda, mais entre os que escrevem de arrasto e a-dias (a direita está preenchida com a acusação e vitimização), que pareciam não ser óbvias: os que aceitam a acção violenta como forma de protesto político e os pacifistas para quem esta agressão é reprovável e/ou, imagine-se, inoportuna - pacifistas de ocasião, portanto.
Berlusconi não me suscita simpatia alguma. O instinto primário grita-me o bordão "bem feito" ou "teve o que merecia", mesmo após ver as imagens que poderiam suscitar-me a lástima ou compaixão óbvia de ver alguém ferido. Mas, apesar disso, vivo e acredito na Democracia e no Estado de Direito que me guiam a outro nível de instinto. Por isso é-me impossível ver qualquer tipo de actuação digna no agressor (cujas competências psicológicas em nada interessam), qualquer tipo de desculpabilização política ou outra. É uma agressão, deve ser lida, reprovada como tal e castigada como se espera da Lei. A derrota de Berlusconi prefiro que seja na urnas ou na Justiça. ASENSIO
[adenda] E qual o ganho político directo do acto de agressão em si próprio? Seja com Berlusconi, Soares na Marinha Grande ou Vital Moreira no 1º de Maio, algo mudou? O (a)proveito político são apenas as suas consequências.
Como serão lidas estas posições no seio do Governo? Os apelos do PS para a intervenção do PR não foram escutados. Cavaco escolhe não pôr água na fervura da ingovernabilidade e até minimiza a matéria TGV. Parece que o confronto institucional vai continuar. ASENSIO
A CGD e as empresas ligadas à saúde têm função estratégica, estas privatizações seriam, quanto a mim, um erro. A REN, a GALP, a EDP, ANA, Águas de Portugal, são empresas que deveriam pertencer sempre e na sua totalidade ao Estado. A Inapa e as empresas ligadas ao Pólis terão sempre algum interesse público. A RAVE, CP, TAP e metros, são empresas de transportes pelo que podem também ser consideradas estratégicas. A RTP, apesar de muitos a considerarem um meio de divulgação de propaganda, tem também interesse público. Já a ZON, a Companhia das Lezírias são privatizações a ponderar. Circuito Estoril, o Centro de Abate de Suínos do Oeste, a DILOP-Charcutaria Cozidos e Fumados e a Sociedade Têxtil da Cuca, privatização óbvia. Assim como as empresas sediadas no estrangeiro. ASENSIO