Lembro-me que em alturas da discussão da interrupção voluntária da gravidez, a Igreja Católica, na sua postura dogmático-cimenteira, tinha uma posição muito simples: defendia que o código penal se ajustasse à moral que o sermão católico tanto evangeliza e continuasse assim a proibir o aborto. É uma posição coerente com os ensinamentos que prega.
Mas esta associação religiosa torna-se e mostra-se descaradamente incoerente no presente quando, dia sim dia não, se descobre mais um caso de pedofilia e ocultação dos seus elementos prevaricadores. A pedofilia é um crime punido pelo código penal, a ocultação de um crime também o é. Nestes casos a ICAR parece esquecer-se da combinação entre o código penal e o código moral religioso. Aguarda pacientemente a condenação (ou perdão) divina esquecendo a responsabilidade e castigo terrenos.
ASENSIO[adenda] Obviamente que faltava o texto justificativo de João César das Neves. Vamos separar as águas: Não me interessa se as cúpulas do Vaticano, Papa incluído, caem ou não dos lugares que ocupam. Desconheço o grau de envolvimento destes nos escândalos recentes e não levanto o dedo acusatório. Pretendo apenas que haja investigação e, a haver responsabilidades directas de quem praticou e encobriu os actos, condenação na justiça dos homens.