Quarta-feira, 03.11.04
Senhor Presidente:
Embora respeitando os poderes que são consagrados ao Presidente da República pela Constituição Portuguesa, acredito que um Governo só deve ser escolhido pela realização de eleições gerais. Por isso, sem a necessária consulta popular, não posso reconhecer legitimidade ao Governo actual. Quero votar e já o queria fazer há três meses atrás.
O argumento da necessidade de estabilidade que o Senhor Presidente usou para empossar o Dr. Pedro Santana Lopes não serviu, nem serve. Portugal apenas acusa estabilidade nos recuos. Estamos estavelmente a recuar económica e socialmente. E se no atraso económico o Governo pode, embora eu não atenda a esta desculpa, justificar-se com as conjunturas da crise internacional, o recuo social é inaceitável. O atraso social só vai aumentar com este Governo, como facilmente podemos constatar, por exemplo, pelo Orçamento de Estado para 2005. Se as despesas com a Defesa sobem exponencialmente é evidente que os projectos sociais ficam para segundo plano.
Outro caminho Portugal vai estavelmente percorrendo é o caminho para o “controlo” dos meios de Comunicação Social. Não quero no Futuro ter que substituir a palavra “controlo” por “censura”. Este é mais um caminho perigoso que o Governo resolveu tomar, que o Senhor Presidente bem conhece de outros tempos e que sei que não quer que voltem.
Tenho a certeza que esta não é a estabilidade que o Senhor Presidente pretendia. Por isto tudo lhe peço, deixe o Povo Português escolher. A dissolução (ainda) é uma opção.
Atenciosamente
ASENSIO
Autoria e outros dados (tags, etc)